Um vislumbre da relação entre o Museu Histórico de Jataí Francisco Honório de Campos e sua relação com a Arqueologia
Experiência-se aqui expor virtualmente um vislumbre da relação entre o Museu Histórico de Jataí – Francisco Honório de Campos e sua relação com a Arqueologia, e ainda, seus processos de construção e salvaguarda de acervos arqueológicos.
O Museu Histórico de Jataí mantém e preserva diversos vestígios arqueológicos que podem ser pensados também como espécies de “pistas”, ou seja, elementos deixados por povos antepassados que são encontrados através do trabalho da Arqueologia.
Assim, esse trabalho de investigação baseia-se em pesquisas que direcionam a procura de materiais em situação de afloramento, primeiramente em um nível superficial, e por vezes, na escavação de um sítio, sobretudo, que possa vir a sofrer determinados impactos.
Este trabalho, longe de ser como as aventuras de produções de Hollywood, que você talvez já tenha visto por aí, não deixa ser fascinante, tendo em vista que respondem a uma série de questões sobre as diversidades socioculturais do qual o território pátrio se formou. A Arqueologia não trabalha sozinha, tendo como parceiras outras disciplinas, em diálogo e trânsito de conhecimentos com a História, Antropologia, Geografia, Museologia, bem como também com tradições e modos de culturas, em tentativas de diálogos respeitosos.
A constituição do acervo arqueológico no Museu Histórico de Jataí se iniciou em 1994, ocasião em que o Museu recebeu, por meio de doação feita pelo Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia (IGPA), um conjunto de vestígios de vários tipos, incluindo materiais líticos.
Materiais Líticos
Entre os materiais encontram-se lascas, núcleos e ferramentas como pontas de flechas, raspadores, machadinhos, batedores feitos de rochas); ósseo (humano e restos alimentares); orgânico (fibras e sementes); malacológico (restos alimentares e adornos) e cerâmico (como fragmentos de utensílios domésticos como panelas, assadores, entre outros.
Esses vestígios dizem respeito a um período de entre nove a onze mil anos Antes do Presente (AP). Sendo que alguns destes objetos fazem parte da exposição permanente: “Processo de ocupação humana no Sudoeste Goiano”, por meio dela é possível ver que os “nossos passos vêm de longe”, e compreender a antiguidade e longevidade de povos que habitavam essa região bem antes dos processos de colonização, e assim, podem ser considerados pioneiros.
Dessa forma, ocupam o primeiro espaço com o qual o/a visitante tem contato. – e não à toa esse espaço recebeu o nome “Sala de Arqueologia Binômino da Costa Lima” – Nessa sala é apresentada uma mostra sobre a ocupação da região por povos horticultores ceramistas que a habitaram no passado, referenciando os grupos indígenas que aqui viveram antes da chegada de colonizadores. Sendo que tais investigações de caráter da arqueologia-histórica são muito necessárias, pois “a pesquisa sobre o modo de vida dos grupos indígenas pré e pós-cabralinos através dos métodos arqueológicos permite que se recuperem informações inéditas e que se preencham muitas lacunas deixadas pelos documentos legados pelos escrivães e cronistas europeus (ORTEGA e LEMES; BARRETO, 2010, p. 28)”
A partir disso podemos pensar: Quais e como foram percorridos os caminhos dos povos que nos precederam? Como viviam? Do que se alimentavam? Que tecnologias se utilizavam? Onde se abrigavam? No que acreditavam? Essas e várias outras perguntas podem, a partir de um trabalho teórico e metodológico, serem respondidas, ou melhor, interpretadas por meio do trabalho de arqueólogas e arqueólogos que possibilitam a compreensão de modos de vida, produções materiais e simbólicas de populações diversas em determinadas épocas e contextos.
A arqueologia de contrato no Museu Histórico de Jataí
A partir do ano de 2013, o Museu Histórico de Jataí – Francisco Honório de Campos(MHJ), torna-se apto a conceder endosso institucional, assim, consolidando a pesquisa no âmbito de projetos de “Arqueologia Preventiva”, como uma das modalidades de incorporação de acervo naquela instituição.
A abertura jurídica que torna isso possível se dá por meio da “Carta de Apoio Institucional”, esse documento assegura que o material arqueológico encontrado, seja salvaguardado na instituição que concedeu o endosso. Conheça o fluxo e regulamentação desse processo na Política de Endosso do Museu.
Ao Museu então cabe a responsabilidade pelas ações de curadoria (conservação, documentação e extroversão).
O MHJ se constitui como um espaço de salvaguarda e mobilização de memórias de nosso passado remoto, possibilitando pesquisas cujos resultados produzem e produzirão conhecimentos e a apropriação do mesmo pela sociedade.
Assim, a exposição virtual denominada: O Museu Histórico de Jataí e seus acervos arqueológicos traz uma mostra de parte do acervo oriundo desses projetos de pesquisa em Arqueologia Preventiva, que após curadoria, seguem apresentadas nas fotografias de peças encontradas em sítios arqueológicos localizados no nosso Estado.
A mobilização dessas imagens e suas descrições possibilitam aproximações aos modos de vida de populações antigas. São testemunhos materiais e simbólicos que ao serem divulgados nesta narrativa expográfica, podem vir a contribuir com desdobramentos de ações educativas, sobretudo, à medida em que, por meio da análise delas, há abertura para novos diálogos de processos históricos, fazendo com que elementos do passado dessa região possam ser significados no presente, bem como contribuindo para possibilidades de projeções de futuro.
Referências
BRUNO, Maria Cristina Oliveira. Musealização da Arqueologia: caminhos percorridos. Revista de Arqueologia, v. 26, n. 2, p. 04-15, 2013.
MORALES, Martha Helena Loeblein Becker. Fragmentos de História: passados possíveis no discurso da arqueologia histórica. 2014.
MUSEU HISTÓRICO – FRANCISCO HONÓRIO DE CAMPOS. Plano MuseológMuseu e seu acervo, 2016. Jataí -GO. (Catálogo). Jataí – GO.
MUSEU HISTÓRICO – FRANCISCO HONÓRIO DE CAMPOS. Plano Museológico. (2020-2021). Jataí – GO.
ORTEGA, Daniela Dias; LEMES, Cláudia Graziela Ferreira. IMPORTANTES FONTES PARA O CONHECIMENTO DA “PRÉ-
HISTÓRIA” NO SUDOESTE DE GOIÁS: AS PESQUISAS ARQUEOLÓGICAS EM SERRANÓPOLIS. Emblemas, v. 9, n. 2, 2012.
“Este projeto foi contemplado pelo Edital de Bibliotecas, Galerias e Museus Aldir Blanc – Concurso nº 17/2021-SECULT-GOIÁS – Secretaria de Cultura – Governo Federal”